sexta-feira, abril 21, 2006

Gelo da Antártida

O espesso manto de gelo da Antártida (abaixo) tem se contraído, a maior parte do tempo gradualmente, mas, às vezes, mais rapidamente, desde o ápice da última era glacial, 20 mil anos atrás (embaixo, à esquerda). A maior redução ocorreu na Antártida Ocidental, onde a capa de gelo é consideravelmente mais frágil que sua contrapartida no leste. Como a capa ocidental sofreu mudanças rápidas no passado, os cientistas não estão seguros de que as dramáticas perdas recentes reflitam uma variabilidade normal ou o início de uma ameaçadora tendência para um colapso completo. Na esteira de um colapso catastrófico, a rápida elevação dos oceanos inundaria comunidades costeiras em todo o globo (embaixo, à direita).
A MUDANÇA DE PROFUNDIDADE DO GELO desde a última era glacial (acima, à esquerda) traduz-se numa perda (vermelho) de cerca de 5,3 milhões de quilômetros cúbicos, a maior parte provinda da Antártida Ocidental. A borda encalhada da capa de gelo, aquela que alcança o leito do mar, tem encolhido de maneira particularmente veloz no Mar de Ross (acima, à direita) nos últimos 7 mil anos, retrocedendo 700 quilômetros para o continente.

Primeiros alarmes

Indícios de que a capa de gelo da Antártida Ocidental poderia estar passando por um proceso de derretimento começaram a surgir cerca de 30 anos atrás. Em 1974, Hans Weertman, da Northwestern University, publicou um dos mais influentes estudos iniciais: uma análise teórica da Antártida Ocidental baseada nas forças que então se acreditava controlarem a estabilidade das capas glaciais. Àquela época, os cientistas tinham plena consciência de que a maior parte da terra sob a grossa camada de gelo da Antártida Ocidental situava-se muito abaixo do nível do mar e anteriormente constituía o fundo de um oceano. Se todo o gelo fundisse, uma paisagem montanhosa apareceria, com vales aprofundando-se mais de dois quilômetros abaixo da superfície do mar, e picos erguendo-se dois quilômetros acima. Em virtude dos limites da Antártida Ocidental estarem tão afundados, o gelo nas bordas entra extensivamente em contato com a água do mar, e uma boa porção se estende - como plataformas flutuantes de gelo - sobre a superfície oceânica.
UM COMPLETO COLAPSO da capa de gelo da Antártida Ocidental elevaria o nível dos oceanos em cinco metros. Entre as vítimas estaria o sul da Flórida, onde cerca de um terço da famosa península submergeria.

Nenhum comentário: